Linhares, no Espírito Santo reconhece as ondas do mar como seres vivos
A prática foi adotada como o intuito de preservar os ciclos naturais e a composição das ondas
Muitas pessoas vão para as praias com o objetivo de curtir o mar e as paisagens, mas ainda há mistérios no oceano que precisam ser desvendados e que causam dúvidas na população. Por causa disso, muitas pesquisas e teorias vêm sendo feitas com o passar dos anos.
Em meio a descoberta de uma diversidade imensa nos ecossistemas, há quem indique até mesmo que as ondas do mar sejam seres vivos, e uma cidade brasileira se tornou a primeira do país a considerar esse fato. Trata-se de Linhares, no Espírito Santo.
Esse cenário aconteceu neste ano em uma decisão que foi tomada pela Câmara Municipal de Linhares com o objetivo de proteger as ondas do mar que quebram na Foz do Rio Doce. A ideia é preservar os ciclos naturais e a composição das ondas.
Depois que a lei foi aprovada, foi concedido para a Justiça o direito de defender as ondas da Foz do Rio Doce. Com isso, a lei passou a considerar crime qualquer dano que seja causado ao ecossistema, e não somente um prejuízo para as pessoas.
Vale lembrar que essa não é algo inédito que aconteceu apenas em Linhares, mas já acontece de forma semelhante em outras partes do mundo. No Equador, são reconhecidos os direitos da natureza em sua constituição. Cabe ressaltar ainda que o reconhecimento das ondas do mar como seres vivos não foi algo idealizado pelas autoridades, mas também por voluntários, membros da sociedade e integrantes de ONG, através de uma união.
Vanessa Hasson, advogada e diretora da ONG Mapas, foi uma das responsáveis por viabilizar esse projeto de leis depois de ter tido várias reuniões com surfistas e moradores da cidade. Ela conseguiu com que essa ideia chegasse à Câmara e fosse aprovada posteriormente. A advogada informou que a ideia surgiu em 2015 depois do desastre da barragem de Mariana, que causou uma destruição na cidade, sendo que depois do rompimento, uma lama tóxica foi até a Foz Rio Doce e afetou várias cidades, incluindo Linhares.
“Quando você se depara com uma lei que reconhece uma onda do mar como ser vivo, isso pode despertar um novo entendimento sobre nossa interdependência com a natureza. É uma lei que faz você pensar e agir de forma mais consciente e ecológica”, contou Hasson.