Para participar de uma competição Olímpica, é comum que um atleta abra mão de diversos fatores de sua vida, como o ciclo social e mudanças em sua rotina, de modo que isso se adeque às exigências para alcançar seu sonho.
O principal motivo para que isso ocorra é o alto nível de competitividade que competições como os Jogos Olímpicos exigem. Atletas de todo o mundo ultrapassam seus limites a cada dia, se tornando máquinas imparáveis.
Tamanho esforço para alcançar esses objetivos, entretanto, podem ultrapassar o limite e se tornar, ao invés de uma prática saudável, em um verdadeiro pesadelo, gerando marcas impossíveis de esquecer.
Casos de atletas que ultrapassam a barreira do saudável e desenvolvem problemas físicos e emocionais vem se tornando cada vez mais comuns. Entre as polêmicas envolvendo esse assunto, a treinadora russa Eteri Tutberidze é um dos nomes mais conhecidos pelo público.
Sendo uma das treinadoras mais influentes da patinação artística no gelo, Eteri é conhecida por seu método exigente e, segundo muitos, abusivo, com suas atletas. Nascida em Moscou, na Rússia, em 1974, Tutberidze começou sua carreira como patinadora, mas foi como treinadora que alcançou reconhecimento mundial.
Sua fama vem principalmente dos resultados impressionantes de suas atletas, que frequentemente dominam os pódios em campeonatos internacionais. Entre suas alunas mais notáveis estão Yulia Lipnitskaya, que conquistou uma medalha de ouro por equipes nas Olimpíadas de Sochi em 2014 aos 15 anos e Evgenia Medvedeva, bicampeã mundial em 2016 e 2017.
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Mais recentemente, Anna Shcherbakova e Kamila Valieva continuaram a tradição de sucesso, com Shcherbakova conquistando o ouro no Campeonato Mundial de 2021 e nos Jogos Olímpicos de 2022.
No entanto, a carreira da russa é marcada por controvérsias polêmicas, especialmente em relação aos métodos de treinamento que utiliza. Existem inúmeras acusações e relatos sobre a abordagem rigorosa e, em muitos casos, implacável de Tutberidze.
Isso inclui controle severo sobre a dieta das atletas, o que, segundo várias fontes, contribuiu para problemas de distúrbios alimentares. Yulia Lipnitskaya, por exemplo, revelou ter lutado contra a anorexia, o que levou à sua aposentadoria precoce.
As rígidas expectativas de peso e a pressão constante para manter um físico extremamente magro são frequentemente citadas como fatores que exacerbaram esses problemas.
Além disso, a intensidade dos treinamentos e a demanda por performances altamente técnicas, como a execução de saltos quádruplos, têm sido associadas a lesões frequentes e graves entre suas atletas.
A natureza extenuante desses saltos e a repetição constante no treinamento aumentam significativamente o risco de lesões, muitas vezes resultando em carreiras curtas e dolorosas para as patinadoras.
A pressão psicológica também é um aspecto preocupante na atuação de Eteri. Há relatos de que a busca incessante por resultados e a gestão rígida do treinamento criam um ambiente de alta pressão, onde o bem-estar mental das atletas pode ser comprometido.
Isso foi visível no caso de Kamila Valieva durante os Jogos Olímpicos de 2022, onde a jovem patinadora foi envolvida em uma polêmica de doping que afetou significativamente sua performance e bem-estar emocional.
As práticas de Eteri Tutberidze têm gerado um intenso debate sobre a ética no treinamento de jovens atletas, especialmente em um esporte tão exigente como a patinação artística.
Enquanto seus métodos produzem campeãs, a custo físico e psicológico dessas jovens mulheres levanta questões importantes sobre os limites do treinamento intensivo e a necessidade de proteger a saúde e o bem-estar dos atletas.